segunda-feira, 22 de junho de 2009

“escrevo para saber como o livro acaba”

é assim, quando a coisa corre bem. as personagens nascem na nossa cabeça, tomam corpo, materializam-se numa humanidade palpável e, até certo ponto, imprevísível.

pode soar a estranho, mas é verdade: quem escreve não sabe como a história acaba. ela flui através de nós, no seu pulsar próprio, como se apenas fôssemos um recipiente de palavras desordenadas.

por vezes o final não surge, e a história interrompe-se. não é ainda o momento. o escritor, no seu papel de observador semi-participante, tem ainda algo a experienciar, algo a descobrir. tem que ver o mundo, que sofrer o mundo e que amar o mundo, para poder compreender o que lhe é pedido. depois, o milagre acontece.

as personagens surpreendem-nos quando surgem ao nosso lado, REAIS, convidando-nos enfim a entrar no seu universo.

que por vezes é também o nosso.

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“Quando escrevo, a minha única angústia é chegar ao fim. É para saber como o livro acaba que o escrevo. E sou muitas vezes surpreendido” - Nuno Júdice in Correio da Manhã

http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=64C8ACBD-6FFB-4FBE-A024-86261A431210&channelid=00000013-0000-0000-0000-000000000013

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