
ontem, numa formação aqui da empresa entre colegas e alguns colaboradores, fizemos um exercício de
avaliação a 360º.
o feedback a meu respeito foi, por um lado, o esperado (em conteúdo), mas por outro lado surpreendente (em grau). o ponto a melhorar mais apontado centrou-se no meu autocontrolo e na minha famosa "
poker face". ou seja, os colegas queixam-se de que eu não transmito as minhas emoções. que quando lidam comigo, nos vários contextos diários de trabalho, não conseguem perceber se eu estou triste ou feliz ou revoltada ou intrigada ou com comichão nas costas.
ora bem, eu sei que sou assim. quando comecei neste emprego sentia tantas dificuldades que tive que colocar uma
máscara de impenetrabilidade para não deixar transbordar as minhas emoções (isto porque elas eram, nessa altura, muito negativas, e eu não tinha particular interesse em mostrar ao meu chefe e aos restantes colegas que me andava a passar).
aparentemente, ao longo dos anos, aperfeiçoei essa técnica a um nível de requinte que faz com que as pessoas falem comigo como se estivessem na presença de um extraterrestre; um ser muito estranho que vive lá loooooooonge no seu mundinho. (e sim, eu já era um bocadinho assim antes sequer de fazer um esforço).
em certos aspectos tem piada, confesso. a malta toda histérica, tipo "o mundo vai acabar!!", e eu impávida e serena, com a minha chávena de chá, a recomendar "calma, calma" com o mesmo tom de voz daquele gajo do anúncio que dizia "leite, leite". vejo-me assim como o dalai lama da contabilidade. giro.
só que (e comecei a aperceber-me disto há tempos), esta extravagância de ser muito
azul, e de viver em redomas, e de ter um olhar impenetrável tipo james bond e uma postura sarcástica tipo dr. house, etc etc, começa a incomodar a partir do momento em que deixa de ser uma
escolha.
a redoma já não sai. nem quando visto o pijama.
e agora?